Diretor Técnico Dr. Fernando Rodrigues dos Santos CRM-PR 13.852

Tratamentos

Preservação da Fertilidade

Quando pensar em preservação da fertilidade?

Além do tratamento de casais com dificuldade de engravidar, as técnicas de reprodução assistida possibilitam algo importante nos dias atuais: A preservação da fertilidade.

Algumas doenças (ou seus tratamentos) podem comprometer a produção de óvulos e espermatozóides e, dessa maneira, impossibilitar seus portadores de terem filhos no futuro.

Uma situação capaz de provocar essas eventualidades é a ocorrência de câncer.

Essa doença pode afetar diretamente os ovários ou testículos o que, obviamente, leva a um comprometimento do funcionamento dessas glândulas. Porém, mais comum do que a ação direta da doença sobre os ovários ou testículos, é o possível prejuízo que o tratamento do câncer pode provocar nas funções desses órgãos.

Esse tratamento geralmente é baseado em um tripé: Cirurgia, quimioterapia e radioterapia. As cirurgias para o tratamento de determinados tipos de câncer englobam a retirada dos ovários ou testículos.

Além disso, uma enorme gama de agentes quimioterápicos tem efeito tóxico sobre esses órgãos. A radioterapia, por sua vez, quando realizada na região baixa do abdômen, poderá danificar ou até destruir os ovários.

Além disso, como se vê a todo o momento, a sociedade moderna trouxe novos costumes e, portanto, novas necessidades foram criadas. Uma das mais importantes modificações (certamente a mais crescente) é a atuação das mulheres no mercado de trabalho. Como conseqüência desse comportamento social, observa-se um importante fenômeno: A postergação da maternidade.

Devido as novas responsabilidades, muitas vezes os casais optam em “deixar para mais tarde” o momento de terem filhos. O grande problema disso é que, como visto na seção fator ovulatório, a idade da mulher é um dos principais fatores limitantes para a obtenção da gestação.

Sendo assim, métodos que consigam preservar a fertilidade são importantes para que um casal realize o sonho de ter um filho no momento em que achar mais apropriado.


Técnicas para preservação da fertilidade:

1) Congelamento de Espermatozóides

O congelamento de sêmen é uma técnica de rotina nas clínicas de reprodução humana e indicado em uma série de situações, como:

- Preservação da capacidade reprodutiva de pacientes com neoplasias, que irão se submeter à quimioterapia ou radioterapias, tratamentos que interrompem a produção de espermatozóides pelos testículos de forma temporária ou definitiva, a criopreservação do sêmen pode constituir a única chance de gravidez futura;
- Cirurgias no trato reprodutor masculino (uretra, próstata e bexiga) também podem comprometer a fertilidade;
- Pacientes que farão vasectomia;
- Homens que atuam em profissões de risco, como mergulhadores profissionais, ou que ficam expostos a agentes químicos ou metais pesados;
- Homens que apresentam disfunção erétil;
- Ausência temporária do parceiro, em casos onde o parceiro não estará presente no dia da inseminação artificial ou coleta dos óvulos para fertilização in vitro;
- Amostras obtidas por recuperação cirúrgica (punção de testículo ou epidídimo);
- Pacientes com infecção viral crônica (HIV ou hepatites) para que se faça a detecção de carga viral na amostra de sêmen, previamente a qualquer procedimento de reprodução assistida;
- Formação de banco de sêmen, para pacientes que necessitem de sêmen de doador.


2) Congelamento de Óvulos

Nos últimos anos, com o aprimoramento da técnica de vitrificação, observou-se uma significativa melhora nas taxas de sucesso da criopreservação de óvulos para futura fertilização in vitro. Esse avanço da tecnologia dá às mulheres uma nova opção para preservação da sua fertilidade e também uma alternativa para casais que não desejam o congelamento de embriões, por motivos éticos ou religiosos, por exemplo. Assim, a criopreservação de óvulos pode ser indicada em situações onde:

- A mulher deseje adiar a maternidade, por razões pessoais ou profissionais, sem comprometer a qualidade dos seus óvulos;
- Pacientes submetidas à estimulação ovariana controlada para procedimentos de fertilização in vitro, que obtiveram um número de óvulos maior do que o número de embriões que desejam transferir, e não aceitam congelar embriões;
- Pacientes com risco de hiperestímulo e que não aceitam o congelamento de embriões;
- Preservação da capacidade reprodutiva de pacientes que serão submetidas à ooforectomia ou pacientes com neoplasias, que serão submetidas à quimioterapia ou radioterapia;
- Pacientes com risco de falência ovariana prematura;
- Formação de um banco de óvulos, para pacientes que necessitem de óvulos doados.


3) Crioperservação de Embriões

O congelamento de embriões obtidos após fertilização in vitro é uma técnica já bem estabelecida e praticada de rotina nos centros de reprodução assistida.

Os embriões excedentes e que apresentam boa qualidade podem ser congelados para uma futura utilização pelo casal, caso não tenham alcançado a gestação em uma transferência de embriões a fresco, ou se desejarem ter um outro bebê.

A criopreservação de embriões excedentes evita que a mulher precise passar novamente por todo o processo de estimulação ovariana controlada e punção folicular para uma nova fertilização in vitro. O congelamento de embriões também é indicado para pacientes que apresentam risco de hiperestímulo ovariano, quando a transferência dos embriões não é indicada.

Este procedimento apresenta limitações apenas para mulheres que não possuem parceiro e não aceitam a utilização de sêmen de doador, ou pacientes que não concordam com o congelamento de embriões.


4) Congelamento de tecido ovariano

É uma técnica ainda em estudo e que tem baixas taxas de sucesso, mas deve ser levada em consideração principalmente nos casos de pacientes que não podem ser submetidos à indução de ovulação. O tecido ovariano será retirado através de uma cirurgia minimamente invasiva (videolaparoscopia) e, logo após, o material obtido será fragmentado e congelado.

Teoricamente, poderá ficar congelado por tempo indeterminado. Quando for utilizado, esse tecido será reimplantado no organismo. Para obter os óvulos após o reimplante, será necessária a realização de indução da ovulação nos moldes da fertilização in vitro.